A culpa, o preconceito e as ideias erradas… como lidar?

Como mãe e pai de criança nascida com fissura labiopalatina, é comum ouvir alguns absurdos. Muitas pessoas, sem nenhuma noção ou informação suficiente sobre o assunto, acabam arriscando palpites, geralmente sem ser solicitadas, falando sobre a condição. Dos porquês, como… enfim… a fila do palpite é as vezes maior do que daqueles dispostos a acolher e ajudar as mães.

“Você colocou chave no meio do peito?” É uma pergunta comum.

“Você bebe ou usa drogas?” Outra pergunta comum.

“Isso vem da família da mãe ou do pai?” …essa entre outras perguntas e afirmações de pessoas que por algum motivo pensam que tem razão em falar sobre isso.

Como mãe, o que eu posso te dizer, é que o que os outros dizem, diz respeito a eles, e não à nós. Ter um bebê diferente não é nenhum tipo de castigo, e a grande maioria dos casos não está ligada a nenhum fator genético ou de mal cuidado sobre a gravidez: simplesmente pode acontecer.

Eu não bebo, nunca fumei, menos ainda usei qualquer tipo de drogas, quando engravidei não tomava nenhum remédio controlado, não conheço casos na minha família e nem na família do meu marido, tomei todas as vitaminas certinho, e mesmo assim, meu filho nasceu com fissura. O motivo? Nunca saberemos, provavelmente.

Mas, o mais importante é que, já ocorreu. Está lá desde as primeiras semanas do bebê na sua barriga, e é preciso lidar com isso. Eu demorei muito a entender isso, sofri muito na gravidez. Me culpei demais, achei que era minha idade, fiquei procurando respostas, mas ainda assim encontrei tempo e força pra ir atrás, em meio a muitas lágrimas, e buscar o máximo de informações para receber com amor o meu filho.

E assim, superar todas as dificuldades.

Entenda: pessoas más ou sem noção sempre existiram e sempre vão existir. Mas você não precisa entrar na mesma frequência que elas, e menos ainda dar satisfação da sua vida. Aproveite os momentos e construa memórias com sua família, seu bebê, construa a auto estima dele, e principalmente, não guarde em seu coração as perguntas daqueles que não merecem respostas.

Converse com sua família e amigos, esclareça o que você sabe sobre a condição do seu filho, sobre o tratamento, dispense curiosos, não se esconda e nem esconda seu bebê. Faça fotos, respeite a história de vocês.

O amor é o principal ingrediente que vai abastecer suas forças no dia a dia. Cuidar de um recém nascido não é fácil, cuidar de um recém nascido diferente é mais difícil ainda.

Não se cobre tanto! Permita-se chorar, sofrer um pouco, mas nunca pare de caminhar.

Seu bebê precisa de você. Ele precisa de você mais do que de qualquer cirurgia, ou tratamento, ou remédio. Você, antes de qualquer coisa, é tudo o que seu bebê tem.